E Quando a Morte Vem?

É com muita dor e dificuldade que eu escrevo esse post. Pois, essa semana, uma querida e preciosa amiga de longa data, Clarissa Leite, ou Cissinha, como eu a chamava, morreu... De repente, do nada, a notícia veio... E eu aqui do outro lado do mundo... A dor da perda, da saudade, do inesperado que choca, veio... Ficou o silêncio da alma, que só a morte trás... É a primeira amiga que eu perco. E uma das mais queridas! Isso me faz pensar como é difícil lidar com a morte! Não estamos nunca preparados para perder alguém querido, ainda mais quando isso acontece do nada.

As lembranças vem a mente. Por um lado confortam o coração, por outro deixam o vazio da saudades. Me lembro de tantas coisas. O compartilhar de tantas primeiras coisas juntas. A primeira memória que eu tenho dela é dos meus primeiros dias no Colégio Oswald de Andrade, 6^a série... Ela chegou toda feliz um dia dizendo que o irmão dela, Thiago, havia nascido. Ele deve ter quase 20 anos agora... Lembro das nossas viagens, de nossas conversas filosóficas, lembro-me dos momentos de crise, lembro-me das loucuras de adolescente juntas. Lembro-me das surpresas e imprevistos de vida compartilhados. Lembro do senso de humor e inteligência dela, que sempre me surpreendiam. Lembro das vezes que eu tive que levar ela no hospital por causa da asma e mesmo ali fazendo inalação ela não perdia o senso de humor. Ela amava estar com pessoas. Amava uma boa conversa. Podia conversar sobre qualquer assunto por horas (arte, política, cultura...). Estava sempre rindo e falando muito! Mesmo em períodos que ficamos mais distantes, ela era alguém sempre presente em minha vida, em meus pensamentos e orações. Eu podia ficar meses sem falar com ela, quando nos falávamos ou nos víamos era como se tivéssemos nos visto no dia anterior. Me sentia simplesmente em casa com ela.

Uma das memórias mais lindas que eu tenho com a Cissa aconteceu a muito tempo atrás. Até aquele momento a Cissa dizia não acreditar em Deus. Mas, houve uma noite que nos marcou para sempre. Sei que estávamos eu, ela e outra amiga nossa, a Very na minha casa de praia, em Barê. E do nada a Very teve uma idéia de fazermos uma oração pela mãe dela que faria uma cirurgia na semana. Confesso que eu não estava com muita vontade de orar naquela noite, mas topei (eu ainda não tinha me firmado naquela época, mas eu era aquela que sempre falava de Deus, dava Bíblias para as amigas, etc.). Bom, sei que começamos a orar. Eu orei primeiro, depois a Very orou. E, de repente, eu senti que o Espírito Santo veio de uma forma poderosa sobre minha vida, eu simplesmente não conseguia me calar, eu tive que orar de novo. Comecei a glorificar a Deus, com todas as minhas forças e quando eu me dei conta a Very e a Cissa estavam ajoelhadas no chão chorando, com as mãos levantadas, glorificando a Deus. Até a sala ficou toda iluminada com a presença de Deus. Mas, lembro do que a Cissa falou naquele momento: “Eu quero que todos sintam o que eu estou sentindo agora (o amor, a presença de Deus)”. Depois daquele dia ela nunca mais disse não acreditar em Deus, ela disse saber da existência Dele. Hoje, tenho a convicção de que aquela noite foi escolhida por Deus para marcar a vida dela, de uma forma mais que especial.

Como dói saber que, nessa vida, nunca mais a verei. Pra sempre levarei a memória dela, as nossas histórias juntas e o lindo sorriso dela em meu coração. Carrego comigo também a esperança do dia em que vou reencontrá-la na eternidade. Te amo Cissinha!

E quando a morte vem? Alguns pensamentos inevitáveis surgem:

A transitoriedade da vida e a certeza de que todos um dia morreremos...

O questionamento sobre o sentido da vida em si e o que está por trás da morte...

O como devemos viver essa vida, fazendo as escolhas certas, sem arrependimentos, de forma sábia, consciente, curtindo cada momento, cada pessoa na maior intensidade possível. E nos apegando aquilo que realmente importa, Deus, o nosso Criador, em primeiro lugar. Pois só o nosso relacionamento com Ele permanece para sempre.

Eu me peguei pensando sobre todas essas questões depois do que aconteceu com a Cissa, de forma potencializada a mil. E fui buscar respostas no livro da Bíblia que mais fala sobre as questões da vida e da morte, o Livro de Eclesiastes, escrito pelo sábio Rei Salomão, que foi o terceiro rei de Israel, filho do famoso Rei Davi. Salomão teve uma história super interessante. No começo de seu reinado, ele teve um sonho. Nesse sonho Deus falava para ele fazer qualquer pedido que Ele o concederia. Salomão, então, pediu sabedoria e entendimento para julgar e governar o povo de Israel. E Deus se agradou tanto de seu pedido que o concedeu, na vida real, não apenas sabedoria acima de qualquer outro homem, mas o deu riquezas, um reino próspero, fama, etc. Salomão, foi literalmente um homem que alcançou tudo nessa vida. Não apenas desfrutava da vida e do fruto de seu trabalho, mas por ser um homem sábio, refletia sobre tudo também. No capítulo 2 de seu livro de Eclesiastes ele fala sobre as suas possessões e pela sua busca pelo prazer (muitos pensam que o sentido da vida está apenas na busca pelo prazer). Sabe o que Salomão, por experiência própria, falou a respeito de tudo isso?  “E eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol (vs.11)”. Ele falou sobre como o buscar prazeres momentâneos, riquezas não passava de pura vaidade. Pois, todos um dia morreriam e não poderiam levar nada do que conquistaram, depois da morte. Falou até mesmo da busca por sabedoria, que quanto mais estudava, mais triste ficava, por entender que nunca poderia ter todas as respostas. Salomão terminou o seu livro resumindo aquilo que considerava mais importante nessa vida: “Lembra-te do Teu Criador nos dias da tua mocidade; antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais dirás: Não tenho neles prazer...E  antes que... o pó volte à terra, e o espírito volte a Deus, que o deu... De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é dever de todo o homem.” (Cap 12)

A Bíblia é bem clara com relação as questões de vida e morte. Só para citar algumas delas:

-       A vida não passa de uma atribuição temporária, uma breve passagem. “Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece.” Tiago 4:14

-       A eternidade é uma realidade. Com ou sem Deus. “E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.” Daniel 12:2

-       A escolha de onde passaremos a eternidade deve ser feita nessa terra, e a escolha mais importante é a fé em Jesus Cristo. Segundo as próprias palavras de Jesus: “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna.” João 6:47 e “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.” João 5:24

-       Todas as nossas boas obras terão recompensa na eternidade, mas não garantem a salvação. “Se a obra que alguém edificou nessa parte (nessa vida) permanecer, esse receberá galardão.” 1 Coríntios 3:14 e “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.” Efésios 2:8-9

-       Todos, sem exceção, vão ter que se apresentar um dia diante do Trono de Deus. O mais importante será conhecê-lo. E todas as obras serão pesadas naquele dia. “Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más”. Eclesiastes 12:14

Diante de algumas dessas questões levantadas, uma convicção muito forte vem dentro de mim. Há muito tempo atrás eu já tomei a minha decisão de viver não só para essa vida apenas, mas com meus olhos postos na eternidade. E cada vez mais tenho essa convicção. Viver sem levar em conta a morte e a transitoriedade dessa vida é uma das maiores loucuras. Muitos só pensam no momento presente, se esquecem que a vida é muito passageira, que existe uma eternidade e que há uma escolha a ser feita hoje. E essa escolha é Jesus! Essa vida, não diz apenas a essa vida aqui, tão transitória e passageira. É um engano achar que tudo se resume a essa vida apenas.

Mas, no final das contas o que mais importa nessa vida, enquanto ainda estamos aqui, é trilharmos o caminho do amor. E não há arrependimentos no amor. Não é a toa que os maiores mandamentos, de acordo com Jesus, são relacionados ao amor. O primeiro mandamento é amar a Deus sobre todas as coisas. Conhecer, receber o amor de Deus e ter um relacionamento de amor com Ele. Pois, por Ele, através Dele e para Ele fomos criados. E depois, amar ao próximo como a nós mesmos. Com intensidade e intencionalidade. E também não é a toa, que quando estamos face a face com a morte (seja de alguém querido ou a nossa própria experiência frente a morte), essas duas coisas são as mais importantes. Inevitavelmente nos lembramos de Deus e nos lembramos daqueles que mais amamos ou que deveríamos ter amado. Nascemos, vivemos e morremos para encontrar o amor e amarmos como uma retribuição voluntária. Essa vida nada mais é, em primeiro lugar, do que uma resposta ao Amor Maior, o amor de Deus, manifesto em Jesus. Esse é o único amor que é mais forte do que a morte e que nos garante a vida eterna. Se escolhermos o Amor nessa vida, estaremos seguros para sempre. E a vida eterna nada mais é do que habitar nesse Amor, por toda a eternidade. 

“Porque estou bem certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” Romanos 8:38-39

Uma oração (repita comigo):

Deus eu não quero viver essa vida, tão passageira, sem levar em conta a eternidade. Ajuda-me a contar os meus dias de tal forma que eu alcance coração sábio. Me ajuda a tomar a decisão certa hoje e todos os dias, de sempre escolher o caminho do amor. E reconheço que o caminho do amor, vem através de Jesus, apenas. Eu aceito o amor Dele por mim, manifesto naquela cruz, e como retribuição voluntária entrego a Ele minha vida e meu coração! Que o meu coração arda de amor e paixão por Jesus todos os dias de minha vida e por toda a eternidade e que, através desse amor, eu possa amar o meu próximo como a mim mesmo todos os dias dessa vida, sem arrependimentos! Amém 

“For love is strong as death , its jealousy unyielding as the grave. It burns like blazing fire, like a mighty flame”.

Song of Salomon 8:6

Com amor,

Nani